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A Vingança Veste Prata: sequência do clássico dos anos 2000 promete revanche e entrega monotonia

Depois de um filme e dois livros, Andy continua a bobinha que entrou na sala da Miranda sem saber direito o que estava fazendo ali

A história do primeiro filme/livro já é bem conhecida. Me intriguei, porém, pelo título da continuação: “A vingança veste Prada”. Depois de Andy deixar a Miranda falando sozinha e abandonar o emprego abusivo (o qual muitas garotas matariam para assumir), Lauren Weisberger, autora e (sempre bom lembrar) ex-assistente de Anna Wintour, deixou a imaginação dos leitores soltinha para criar cenários mil.

Pessoalmente, quando leio que, desta vez, a vingança é quem vestirá Prada, imagino dois cenários. No primeiro, Andy se torna uma jornalista digna de Pulitzer, a chefona de alguma revista ou jornal importante, de preferência sobre moda, desbancando Miranda de seu monopólio da editoria fashion. Pronto, vingança da Andy.

No segundo, Miranda junta todo o cinismo acumulado ao longo de sua carreira, e não descontado em suas pobres assistentes, para retribuir o desaforo de Andy em Paris. Segue-se uma trama de confusão, digna de sessão da tarde, no mundinho novaiorquino do jornalismo de moda: o deleite de ver a megera fazendo de tudo para impedir que a mocinha seja bem sucedida. Agora, vingança da Miranda.

Título original publicado me junho de 2013

Seja lá o que você imaginou, tenho uma certeza: foi melhor do que a autora descreveu na sequência do clássico O diabo Veste Prada. Dez anos após sua aventura na Runway, Andy se torna editora de uma revista de noivas. Batizada de The Plunge, a publicação foi fundada por Emily — sim aquela Emily — e Andy. Apesar de nova, a Plugue já era respeitada e apresentava editoriais com celebridades com influência internacional. A vida pessoal, tão boa quanto a profissional: casou-se de um herdeiro dos upper sides de Nova York e a amizade com Emily parecia negar toda a rivalidade do livro anterior.

A reviravolta surge quando Elias-Clark, grupo responsável pela Runway e agora comandado por Miranda, propõe comprar a The Plunge por quantias milionárias. Embora tentadora, a proposta exigia que Andy trabalhasse por pelo menos 1 ano junto a Miranda durante a transferência de controle da revista.

Além disso, a protagonista enfrenta conflitos paralelos: a sogra não gosta dela, desentendimentos com o marido e Emily… Emily continua sendo Emily. Até aí, OK. Bom plot. O problema é que, todo o clímax é desenvolvido em torno dela aceitar ou não vender a publicação. A interação com a vilã é mínima. Não há ninguém tentando se vingar de ninguém. Aliás, Miranda sequer lembra das duas ex-assistentes.

Quem lê, se angustia com a personalidade bege de Andy, que perdeu todo o carisma construído no livro anterior, e com a chatice dos personagens secundários, especialmente Max, seu marido, também de personalidade nula. O conflito com a sogra é citado nos capítulos iniciais, mas logo é esquecido. Se não estivesse lá, não faria a menor diferença.

Por fim, um evento que pode fazer o leitor mais twitteiro querer abandonar o livro é a volta de Alex, o ex-namorado (Nate no filme). Eles se trombam em uma lavanderia e saem para tomar um café. Andy descobre que o então aspirante da comunista de iPhone, agora é só um “de iPhone” e está prestes a assumir a vice-direção de uma escola particular de elite.

Como já era de se imaginar: a mocinha fica mexida. Se isso já não fosse ruim o bastante: lembrar de seu amor por um homem que não a apoiava — e, segundo o twitter, o verdadeiro vilão da trama —, ela nem sequer trai o marido com ele para movimentar a história.

Andy termina o livro 2 como começou o livro 1: chata e boba, apaixonada por um 'esquerdomacho', sem personalidade, provavelmente usando roupas bregas para tentar provar que é melhor do que as garotas fúteis leitoras de Runway.

Não me cabe contar se Andy se rendeu ou não à proposta de Miranda. Apenas adianto que são páginas e páginas de indecisão e falta de posicionamento. Se a mocinha desse uns berros com seu marido, Emily e Miranda, esse livro não passaria de 100 páginas. Essa garota precisa urgentemente de uma psicóloga.